quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Democracia - A mudança tem de começar por nós

Existem vários filósofos contemporâneos que proferiram frases com algumas variantes mas que no essencial se podem resumir a: Numa Democracia temos exactamente os governantes que merecemos, nem mais nem menos. O que é absolutamente verdade para mim.

Na verdade em democracia somos nós que escolhemos a vários níveis quem nos governa e não estou a falar somente do voto, o voto é uma consequência (ou deve ser) do nosso comportamento enquanto cidadãos.

O que estou a dizer é que enquanto não definirmos correctamente os nossos valores e conseguirmos separar o que para nós é realmente importante do resto continuaremos a ser manipulados pela actual superficialidade e a politica dos soundbits, a politica do irrelevante.

Quando digo definir correctamente os nossos valores não estou obviamente a defender que todos tenhamos os mesmos. Haverá quem pense ser mais importante a segurança, outros pensarão que ao contrário deverá ser a educação a nossa prioridade. Haverá quem defenderá mais estado e outros mais iniciativa privada. Não há problema nisso (antes essa é a riqueza da nossa espécie - a capacidade de raciocinar que não pode ser separada da existência de ideias e opiniões diferentes e mesmo opostas). Não é desses valores que estou a falar.

Quando falo em valor no contexto de uma democracia estou a falar em duas coisas sem as quais não é possível pensarmos que uma democracia realmente pode funcionar. Em primeiro lugar que os fins nunca justificam os meios. Nunca. O caminho para se atingir algo é muito mais importante do que o objectivo em si. Muito mais. Poderá parecer-vos que isto nada tem a ver com os nossos problemas mas na verdade tem. Porque um dos problemas actuais da nossa sociedade é acharmos que temos direito a tudo e depressa, o mais depressa possível. Não nos importa muito como lá chegar desde de que se chegue. O que faz com que o sucesso seja medido não pela honra da forma como se obteve mas simplesmente por aquilo que se obteve. Nas empresas subverte-se a viabilidade a longo prazo pelo sucesso imediato nos Estados importa mais o crescimento a curto prazo do que a viabilidade do que se propõe. Tudo é submetido à ditadura do imediato, do consumo rápido e sem grandes considerações sobre o futuro.

O que me leva à segunda questão: ao nosso egoísmo. Numa democracia há escolhas difíceis. Nunca estaremos de acordo sobre as escolhas "certas". Devemos é sempre pensar que para além da nossa individualidade que obviamente temos de defender existe uma sociedade em relação à qual os nossos interesses podem por vezes ser antagónicos. Sustento que sem prejuízo da defesa dos nossos interesses pessoais devemos ter sempre em consideração também o bem estar geral.

Só com esta consciência permanente destes valores é que ainda com ideias e opiniões diferentes saberemos escolher os governantes certos.

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