sábado, 22 de setembro de 2012

Um conselho de estado de um estado alternativo


Quando um conselho de estado se reúne e tem por conclusão um comunicado com sete pontos dos quais os primeiro cinco ponto não passam de banalidades e os dois últimos não estando propriamente mal também não são exactamente esclarecedores a conclusão a tirar é que este conselho de Estado deve ser de um Portugal alternativo que apenas existe na redoma dos gabinetes daqueles que nele participam. Passo a explicar o que quero dizer com isto primeiro comentando os dois pontos em que se diz alguma coisa - pouca coisa mas alguma coisa.

6) O Conselho de Estado foi informado da disponibilidade do Governo para, no quadro da concertação social, estudar alternativas à alteração da Taxa Social Única.

Porquê ? Porque razão se encontra agora disponível? Porque razão anunciou essas medidas antes sem consulta? Porque razão só agora está disposto a estudar? Nenhuma justificação da opção anterior? Da súbita razão de mudança de opinião? Não acreditam que haveria que dar explicações? Não acreditam que o povo as merece? Não acham que deveriam pelo menos mencionar que a razão desta súbita vontade se deve à reacção civilizada de uma larga percentagem da sociedade civil desde o povo até uma grande parte dos empresários? Nada, nenhuma menção. Meus senhores quando se governa de um palácio de cristal, numa redoma de vidro confiando para a tomada de decisões nos relatórios de conselheiros e observadores eles também parte dessa mesma realidade virtual colocam-se precisamente na posição que imaginam. Dirigem um país virtual e alternativo que apenas existe na vossa cabeça. Convém rapidamente perceberem que dessa realidade que vos pintam à realidade do quotidiano começa a existir um fosso que se não for rapidamente tapado vai conduzir a consequências dramáticas. Estão a deixar que a mobilização seja aproveitada por quem se coloque cinicamente fora do sistema ... Acordem! Já nem falo da justificação que seria merecida face à inépcia demonstrada na falta de planeamento das medidas e da total falta de sensibilidade que demonstram por não serem acompanhadas de outras que sacrifiquem benesses da classe que nos dirige. Não falo disso aqui porque só esses temas são por si suficientes para outros posts ...

7) O Conselho de Estado foi igualmente informado de que foram ultrapassadas as dificuldades que poderiam afectar a solidez da coligação partidária que apoia o Governo.

Que bom. Fico feliz. E daí? O conselho de estado foi igualmente informado de como é que foram ultrapassadas essas divergências? E se o foi porque razão são privadas as soluções se foram públicas as desavenças?  Não acham que tendo em consideração o que se discutia precisamente alternativas para o ponto 6) e diferenças de opinião sobre o mesmo não faria sentido dizer algo de mais substancial? Esta forma de dar apenas a informação julgada necessária já não faz sentido. Prometeram falar verdade. Omitir não é falar verdade. Omitir é mentir.

Ou seja deste comunicado em sete pontos cinco são banalidades e dois com temas efectivamente importantes não dizem nada sobre o essencial. Total vazio de conteúdo próprio de um conselho de estado de uma realidade virtual de um estado alternativo, uma espécie de Alice no País das Maravilhas ...